Estava em companhia da minha irmã e juntas, sentimos o coração bater mais forte e a boca ir se abrindo enquanto o trem diminuía sua velocidade e se aproximava da estação “Interlaken West”. Anoitecia, mas não há escurecer que tire a radiante emoção do primeiro encontro com os Alpes!
Essa foi a sensação mais forte de toda a viagem, embora não tivesse sido nosso portão de entrada no país. Duas noites antes, às 22:22h, embarcamos na experiência de dormir a bordo do CNL 1258, coach 304, couchette 62. Esta era minha identificação para percorrer as próximas 12h. Exatamente ás 9:17h, pontualidade suíça, desembarcamos em Zurique Hauptbahnhof. Foi uma noite “aos embalos do trem”, não tão confortável como a minha casa, mas com o amanhecer mais compensador dos últimos tempos: bom dia Suíça!!!
Agora sim, em soberano solo dos chocolates Lindt!
Foi lá que saímos para jantar de Havaianas e nos sentimos bem vestidas. Lá também, que pedimos pelo fondue de chocolate, mas só encontramos de queijo e quer saber, nem doeu a falta do doce, depois da fartura com que fomos servidas (Kässe Fondue – Zurique). Percorremos cidades de trem. Depositamos nossas malas em guarda volumes de estações por dias. Lanchamos dentro do ônibus que nos levou a Montreux e quase nos arrependemos por tê-lo feito quando, tendo a visão do Castelo de Chillon, sentimos borboletas no estômago revirando o que tínhamos consumido!
E, embora todas as sensações até aqui sejam difíceis de transmitir com palavras, foi no alto do Jungfraujoch que senti as pernas tremerem!!!! Ainda que fizesse -11°C, eu não estou falando de frio!!
A intenção é transmitir o que é estar sobre um platô, em meio a neve, no alto de uma geleira de mais de 3.450m de altitude. Este é o cenário da estação mais alta da Europa, onde procurei a saída do labirinto literalmente congelado, dentro do Palácio de Gelo, 30 metros abaixo da superfície da geleira, em temperatura constante entre -3°C e -4°C.
Seria enriquecedor passar horas lembrando e contando sobre as fontes onde bebemos água na capital, Berna. Ou sobre a Kapellbrücke, ponte de madeira, de Lucerna. Ou ainda sobre o silêncio de Montreux e suas visões para os Alpes Franceses. A simplicidade da “Einstein Haus Bern”. “Le Musee Olympique” e a riqueza do sotaque francês a beira do Lac Leman (ou Lago Genebra, como conhecido em alguns países) em Lausanne. O Rolex nas vitrines. Ou sobre as fotografias que registrei na memória a partir das pitorescas paisagens de um colorido indescritível. Os sinos no pescoço das vaquinhas e seus peculiares sons ao se movimentar no quintal das casas. Ou sobre o branco da neve, em harmonia com as montanhas mais verdes que qualquer bandeira!
E é em meio a cada uma destas lembranças, que mais uma vez entendi que qualquer viagem é uma ida sem volta!! Ah a Suíça…eu te darei bom dia novamente!!!!
Texto de Raquel Bays
Informações:
– Cidades visitadas: Zurique, Berna, Lausanne, Montreux, Villeneuve, Vouvry, Interlaken, Friburg, Siviriez, Romont e Lucerna.
– Passe de trem utilizado: Eurail Select Pass – 21 dias corridos – 3 países
– CNL – City Night Line – trem noturno com vagões de assentos reclináveis e cabines com couchettes (camas dobráveis, uma acima da outra). Pode ser usado com passe de trem, desde que efetuada reserva antecipada, que terá pagamento de taxa conforme sua escolha dentre estas opões de acomodação.
– Durante o trem noturno, já na madrugada, passamos pela divisa territorial da Alemanha com a Suíça e foi-nos solicitada apresentação do passaporte e feita verificação da quantidade de malas, sem nenhuma complicação no procedimento.
– Jungfraujoch: a subida tem várias paradas e trocas de trem, pois vai ficando cada vez mais íngreme. Você pode escolher via Lauterbrunnen ou Grindelwald (sugiro subir por um e retornar pelo outro). Mediante apresentação do nosso passe Eurail tivemos desconto na compra do ticket.